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segunda-feira, abril 21, 2014

Cine Eden \ Veneza: Rio Branco

Cine Eden: Aníbal Augusto de Castro Batista, português ex-condutor de ônibus pioneiro nas exibições cinematográficas na cidade de Rio Branco, Acre.


Cine Eden era situado no Calçadão da Gameleira, no Segundo Distrito, em Rio Branco, Acre.  Fundado em 1946 como Cine Eden, funcionou até 1973 com este nome. Depois mudaria para Cine Veneza, de 1974 até 1984. No seu último suspiro como sala de rua, funcionou como Cine Teatro Guarany, de 1989 a 1991.

O cine Eden não era de luxo mas faz parte da história do princípio da diversão naquele estado. Com capacidade para mil assistentes e sistema de ventilação dispondo de enormes ventiladores de teto, o prédio tinha a fachada nas cores verde e branca. As entradas eram vendidas na “Garagem Central”, na av. Eduardo Ribeiro, ao preço único de sete cruzeiros e dez centavos. Tudo começou quando o ex-motorista, Aníbal Augusto de Castro Batista, um português, que era dono do prédio que abrigava sua residência e garagem na rua Jonatas Pedrosa, 166/170, e construiu uma sala de exibição que denominou de Cine Eden.

Quando a casa de espetáculos ficou pronta, Aníbal se viu perdido por desconhecer como fazê-la funcionar. Então, buscou o conhecimento no assunto com Oscar Antunes Ramos, fotógrafo amador e entendedor de assuntos cinematográficos, que firmam uma sociedade e fundam a Empresa Cine Eden Ltda. Para gerenciar, contrataram Manuel J. Antunes, com larga experiência no ramo. A fim de que o Eden entrasse em funcionamento, a empresa adquiriu projetores das marcas Pathé e Super Sólidos, os mais modernos na época, os quais foram montados pelo técnico paulista Mario Schneider.

Plateia no Cine Eden
A inauguração do cinema Eden ocorreu no sábado, 23 de novembro de 1946, com duas sessões: a primeira, às 19h30, e a segunda, às 21h30. Em ambas foi exibida a produção hollywoodiana intitulada Brasil, com músicas de Ary Barroso (1903-1964) e estrelada por Aurora Miranda (1915-2005), irmã de Carmem Miranda (1909-1955), e pelo mexicano Tito Guizar (1908-1999). Ainda na noite de abertura foi exibido o complemento nacional Reportagens “Cinédia” 10X30, e Ceilão, curta metragem à cores. A empresa contratara diretamente no Rio de Janeiro com as seguintes empresas distribuidoras: Art Filmes Ltda. 

Reformas e falta de recursos

Já no ano seguinte, sem recursos para a aquisição de novos filmes e diante da exaustiva repetição de seriados: Tambores de Fu Manchu, Adaga de Salomão, Perigos de Nioka, O Segredo da Ilha Misteriosa, entre outros, acabam por levar a empresa à falência. Então, a 23 de julho de 1948, o edifício fora vendido ao empresário Alberto Carreira, proprietário da empresa J. Fontenelle & Cia. O cine Eden, apesar de seu porte, nunca foi uma sala muito popular e menos ainda de elite, era considerado um “poeira” (sala desprovida de luxo e conforto) a exemplo de Guarany, Popular, Ideal e Vitória.
Cine Recreio

Mas, nem só da projeção de filmes vivia este cinema. No palco do Eden também havia shows com cantores, como o ocorrido na noite de 15 de maio de 1948, na despedida do tenor pernambucano José Brasileiro. Na segunda parte do espetáculo foi exibido o filme Paraíso de virgens. Os seriados ambientados no velho oeste americano conquistavam inúmeros fãs. Em 1949 estiveram em cartaz: O Domínio das mulheres e O Valentão das mulheres, com Bill Eliott (1915-1965); Aconteceu no sertão, Cavalgada de ouro, Na velha senda, com Roy Rogers (1911-1998); O Vaqueiro vingador e O Renegado dos montes, com Charles Starrett (1903-1986). A 5 de dezembro de 1957, os jornais publicam este aviso: A Empresa Fontenelle Ltda. avisa aos distintos frequentadores, que o Cine Eden permanecerá fechado por alguns dias. Após readaptação de lentes para Cinemascope, Vistavision e Panorâmica, reabertura aconteceu no dia de Natal. Fecha novamente, em 1963, para uma reforma geral, arrendado para a Empresa Sul, de São Paulo, que passaria a explorá-lo. O cine foi reaberto a 21 de setembro sendo projetado A Face oculta, com Marlon Brando (1924-2004). No mesmo ano, esta empresa seria comprada por Severiano Ribeiro.

De Eden a Veneza
antiga sala de cinema atualmente apresenta
  pequenos shows  \ AgênciaFM

O cine Eden adentra o ano de 1973 completamente sem condições de funcionamento. Vistoriado pela comissão sanitária da Divisão de Saúde da PMM, chefiada pelo médico veterinário Dr. Carlos Durand, o qual, a 21.fev., entregou ao titular da extinta Sedeco (Secretaria do Desenvolvimento Comunitário), Josué Filho (1946-), um relatório contendo os problemas enfrentados por Guarany, Odeon e Eden. Esta mesma comissão havia fechado no ano anterior as salas Ideal e Popular. Deteriorado, o Eden funciona até 30 de junho, quando em duas sessões noturnas exibe o filme Essa pequena é uma parada. A transação do nome alterado para Cine Veneza, custou cerca de dois bilhões de cruzeiros e a inauguração, ocorreu a 10 de abril. Contou com a presença de diversas autoridades, entre essas, a do governador João Walter de Andrade, que cortou a fita simbólica, com exibição do filme O destino do Poseidon (1972)..

Em dezembro de 1976, as pornochanchadas dominavam a programação dos três únicos cinemas da cidade: o Guarany, apresentava Traficantes do sexo; o Ipiranga, Killer Kid, vivo ou morto e o Veneza, A ilha das cangaceiras virgens. Essa era uma forma que a empresa empregava para concorrer com a TV. De todas as salas desta empresa, o cine Veneza era o campeão em reclamações. Atualmente, o espaço continua sendo palco para os artistas, mas apenas com espetáculos teatrais e pequenos shows musicais.

CONHEÇA outras ex-salas de cinemas: http://formasemeios.blogs.sapo.pt/cine-teatro-polythema-1431290

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