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terça-feira, dezembro 02, 2008

Sophia Loren: a mulher por trás do mito.

Ela foi protagonista de mais de 90 filmes como "Os Girassóis da Rússia" "El Cid" "O Escândalo da Princesa" Madame Sans-Gêne" "A Queda do Império Romano" e não perdeu o bom senso. "Essa dor deixada por antigas dificuldades acabam por se transformar em um tesouro para quem é artista de verdade. Você pode usá-la para dar continuidade e aprofundamento em seu trabalho. Talvez seja isso que falta em algumas jovens atrizes de hoje. Elas não conhecem esse tipo de dor", aconselha as futuras colegas.



Sophia Loren é sinônimo de glamour e encantos. Eis aqui a mulher por trás do mito. Contemplando o mundo de uma grande atriz em todo o seu esplendor, tudo o que lhe diz respeito é belo é grandioso, desde suas longas pernas aos fartos e famosos seios aos cintilantes cachos de tom castanho-avermelhados. Foi aos 14 anos que ela descobriu o poder de seus encantos ao se inscrever em um concurso de beleza plástica. Mais de meio século depois, na cerimônia de entrega do Oscar de 1999, o ator Tom Hanks ficou impressionadíssimo ao vê-la nos bastidores e disse-lhe: "A senhora é a mulher mais bonita que já vi". Sophia sorri e comenta: "É muito simpático de sua parte dizer isso Tom. "Mas ainda fico muito surpresa quando as pessoas me abordam como se eu fosse alguém de grande importância, todos esperam que eu seja como uma mulher famosa que se limita a seu pedestal. Acho isso muito frustrante", diz a musa das telas. Esbanjando simpatia e gestos elegantes, em sua vida particular Sophia é vulnerável e despretensiosa. É de uma personalidade ímpar e extraordinária. Hoje, aos 74 anos, tem o rosto de uma quarentona, e fez questão de reafirmar que sua pele lisa jamais fora retocada por cirurgia plástica. "É assim que sou, naturalíssima", orgulha-se. É séria, fala mansa e o sorrio chega aos lábios com muita facilidade. Não faz tipo; contrariando ao pensamento de algumas ofuscadas estrelas, principalmente brasileiras, que se recusam falar de vida pessoal, Sophia, do alto de sua premiada carreira cinematográfica, não há assunto que ela se recuse a discutir, nem mesmo o seu longo casamento, como nesse bate papo de três horas, em 2004, quando de seus 70 anos que resultou nesse apanhado.

Vida familiar
Aos 15 anos ela conheceu Carlo Ponti no set do filme Africa sotto i mari, ela já era uma personalidade na Itália. De início, não houve romance entre eles, mesmo porque Ponti era casado e ela como boa menina católica não queria desrespeitar nenhum dos dogmas da igreja. Ele compreendia e a tratava com muito respeito, e com uma tendência ideológica de transformá-la em uma estrela internacional. Ela encontrou em Ponti a figura paterna da qual tanto carecia. Seu pai sempre se manteve longe dela de sua irmã Maria e da ex-esposa. A sua mãe Romilda Villani fez o melhor que pode para criar as duas filhas, mesmo vivendo em circunstancias difíceis e por vezes dolorosas. Por não ser casada legalmente era desprezada por alguns habitantes da cidade. Entretanto, os maiores problemas viriam com a guerra. Por noites e noites Romilda, Sophia e Maria se refugiavam em um túnel ferroviário para fugirem das bombas. Ela conta que antes das marcas deixadas pelas noites de sono e frio passadas no túnel sua mãe era uma linda mulher. Chegou perto de tornar-se estrela de cinema ao ganhar um concurso de sósias de greta Garbo, patrocinado pela MGM; que ofereceu-lhe um teste em Hollywood, Califórnia -EUA. "Ela de fato se parecia com Greta Garbo", diz Sophia. Ainda segundo a musa, "Em Nápoles as pessoas a paravam na rua para pedir autógrafo". Ela estava ansiosa para ir até Hollywood, mas o compromisso com as filhas não permitiu que o sonho se concretizasse.

Filha indesejada
Quando Romilda conheceu Ricardo Scicolone foi amor à primeira vista. Mas foi o bastante saber que ela estava grávida para abandoná-la. Nascia então, Sophia Villani Scicolone, em 20 de setembro de 1934, em Roma. Quando tinha por volta de 13 anos procurou Scicolone que, apesar de relutante, a reconheceu como filha; mas recusou-se a arcar com a pensão alimentícia ignorando os repetidos pedidos de ajuda de Romilda. Sophia fala do fato naturalmente, sem traumas ou neuras, ao contrário, ela se enaltece e acrescenta "Essa dor deixada por antigas dificuldades acabam por se transformar em um tesouro para quem é artista. Você pode usá-la para dar continuidade e aprofundamento em seu trabalho. Talvez seja isso que falta em algumas jovens atrizes de hoje; Elas não conhecem esse tipo de dor", aconselha os futuros colegas. Apesar do seu pai nunca tê-la tratado como filha, Sophia Loren esteve ao seu lado até o falecimento, em 1975, observem que ela era já uma super-star. Com sua mãe ela manteve uma relação de muita cumplicidade e afetividade: quando iniciou a carreira lá estava ela dando seu apoio. Quando começaram a pipocar os holofotes Romilda estava lá para aplaudir; e sentiu como se o sucesso fosse dela também.

Além de talento e beleza é preciso contar com uma pitadinha de sorte, e ela teve de sobra ambas. Ao conhecer Carlo Ponti a quem tem grande parte do credito na sua vida profissional, ele usou toda criatividade e influência para despertar a atenção dos mercadores de sonhos de Hollywood. Talvez tenha sido o caminho mais fácil para ganhar o coração de Loren. Foi ele também quem alterou o nome artístico de Sophia Lazzaro para Sophia Loren; e a incentivou a aprender inglês. Carlo Ponti foi muito mais que um marido, foi um pouco também a figura de pai que ela não teve. Isto explica os porquês de uma carreira brilhante com mais de 90 filmes, trabalhado com grandes atores como Marcello Mastroianni, Charlton Heston; diretores como Vittorio De Sica, Federico Fellini, Ettore Scola, Robert Altman, Lina Wertmüller. Galgou status de estrela internacional ao receber o Oscar de Melhor Atriz, em 1962, pelo filme La ciociara [ Duas Mulheres], além de vários prêmios entre os quais David di Donatello. Do casamento com Ponti {morto em 10 de janeiro de 2007, em Genebra – Suíça} nasceram dois filhos: Eduardo [diretor de cinema] e Carlo Jr. A estrela alcançou a melhor idade de bem com a mente e corpo.
{Cícero Silva / Fram Martim / Fausto Visconde }

Premiações
1961 – David di Donatello por I Girasoli
1962 - Oscar de melhor atriz por La ciociara
1974 - David di Donatello por Il Viaggio
1978 - David di Donatello por Una giornata particolare
1984 - David di Donatello , prêmio especial
1991 – César honorário
1994 – Urso de Ouro honorário
1995 – Golden Globe – recebeu o prêmio Cecil B. DeMille
1999 - David di Donatello , homenagem à carreira
Alguns filmes no cinema
2004 - Peperoni ripieni e pesci in faccia (A casa dos gerânios)
2002 - Between strangers (Desejo de liberdade)
1997 - Soleil
1996 - Messages
1995 - Grumpier Old Men (Dois velhos mais rabugentos)
1994 - Prêt-à-Porter (Prêt-à-porter)
1990 - Sabato, domenica e lunedi (Sábado, domingo e segunda)
1979 - Firepower (Poder de fogo)
1979 - Amor e ciúme (Blood Feud)
1978 - Alvo de quatro estrelas (Brass Target)
1977 - Una giornata particolare (Um Dia Muito Especial)
1977 - Angela
1976 - A travessia de Cassandra (The Cassandra Crossing)
1975 - La pupa del gangster (A garota do chefe)
1974 - A sentença (Veredict)
1974 - Viagem proibida (Il viaggio)
1972 - O homem de La Mancha (Man of La Mancha)
1971 - A mulher do padre (The Priest's Wife)
1971 - O pecado (Bianco, rosso e .../White sister)
1971 - La mortadella (Mortadela)
1970 - I Girasoli (Os girassóis da Rússia)
1968 - Questi fantasmi (Fantasmas à italiana)
1967 - A condessa de Hong Kong (A Countess from Hong Kong)
1967 - Felizes para sempre (More than a miracle)
1966 - Arabesque (Arabesque)
1966 - Judith
1965 - Lady L (Lady L)
1965 - The Love Goddesses
1965 - Operação Crossbow (Operation Crossbow)
1964 - Matrimônio à italiana (Matrimonio all'italiana)
1964 - A queda do império romano (The Fall of the Roman Empire)
1964 - Ontem, hoje e amanhã (Ieri, oggi, domani)
1963 - Five milles to midnight
1962 – I sequestrati di Altona
1962 - Bocaccio'70 (Bocaccio'70)
1961 - El Cid (El Cid)
1961 - La ciociara (Duas mulheres])
1961 - Madame Sans-Gêne (Madame Sans-Gêne)
1960 - Heller in Pink Tights (Jogadora infernal)
1960 - It Started in Naples (Começou em Nápoles)
1960 - A Breath of Scandal (O escândalo da princesa)
1960 - The Millionairess (Com milhões e sem carinho)
1959 - That Kind of Woman (Mulher daquela espécie)
1958 - The Black Orchid (A orquídea negra)
1952 - 1952 Africa sotto i mari

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