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domingo, agosto 24, 2014

Hollywood: Sexo, drogas e pecado antes da censura

Houve uma época em que os filmes da "velha Hollywood" escapavam do controle da censura, com prostitutas sem complexos e festas regadas à cocaína e outras drogas

Marlene Dietrich

Entre o período de 1930 e 1934, em que os filmes da "antiga Hollywood" escapavam da censura, e este período foi fascinante e marcado por títulos como "O Anjo Azul" (1930) e "Serpente de Luxo" (1933). O primeiro revelou ao mundo as coxas da então desconhecida Marlene Dietrich, já o segundo, Barbara Stanwyck dá uma lição sobre como usar o sexo para ascender na escala social, firmando-se de uma vez por todas como femme fatale.


Esse período compreendido como libertinagem cinematográfica, ou reconhecido como  "Pre-Code" e que se concentra nos filmes elaborados nos estúdios RKO Pictures, se desenvolveu entre as primeiras produções hollywoodianas de cinema sonoro e a implantação do chamado código Hays em 1934. Chamado assim pelo sobrenome de seu impulsor, William Hays, o primeiro presidente da Associação de Produtores e Distribuidores de Cinema da América. Esse código era uma espécie de autocensura adotada perante as pressões da igreja e dos setores mais puritanos.

Em plena depressão posterior à crise de 29, havia uma certa permissividade. Assim, no começo de "Árbitro do Amor" (1931), de Lower Sherman, é possível ver uma criada em um salão recolhendo com naturalidade os rastros de uma festa, incluindo drogas. Já em "Our Betters" (1933), um dos primeiros filmes de George Cukor, a atriz Constance Benett aparece no papel de uma nova rica americana que se muda para Londres por amor, mas que, após se casar, descobre as vantagens de ter amantes. A película também inclui um dos pouquíssimos personagens gays do cinema clássico.

As primeiras produções da RCO Pictures traziam atrizes como Ann Harding, Ginger Rogers, Irene Dunne, Katherine Hepburn e a própria Constance Bennett, todas "mulheres fortes, nada pusilânimes, independentes e que viviam sua sexualidade sem alardes, mas de um modo decididamente livre", afirma o especialista. Até a Metro Goldwyn Mayer - que fazia cinema conservador -,  chegou a mostrar Joan Crawford tirando sua calcinha enquanto dançava em "Garotas Modernas" (1928).

No ano de  "Modelo de Amor" (1931), de Paul L. Stein, é um dos poucos filmes da época que mostra um, mesmo distante e difuso, mas novamente com Bennett como jovem rebelde que decide trabalhar como modelo para um pintor americano (Joel McCrea). No entanto, tanto atrizes quanto atores pagaram um alto preço pelo suposto atrevimento e ficaram afastadas da indústria após a intensificação da censura.

A suposta permissividade chegou ao seu fim quando as ameaças de boicote do setor católico começaram a ganhar força, assim como a retirada de fundos de alguns investidores. O resto da história é mais conhecida. Na época dourada de Hollywood, o código ganhou força e impôs um puritanismo que ainda hoje pesa na indústria americana, fato que aguçou o talento de muitos cineastas, como Alfred Hitchcock em "Interlúdio" (1946). Neste filme, o diretor exibe uma longa sequência de beijos entre Cary Grant e Ingrid Bergman.

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