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sábado, outubro 13, 2012

Mítico cenógrafo Pernambuco de Oliveira

Pernambuco é nome próprio mesmo. Não somente nome do estado onde nasceu um homem de teatro pioneiro em diversos sentidos.

Pernambuco Gago Sacadura de Oliveira, 1922-1983, recebeu na infância em Olinda,PE, as lições informais que o levariam para o palco: nas peças que frequentava na companhia do pai, nas histórias contadas pela “mãe preta” da fazenda. Mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança e na cidade fez escola como cenógrafo, figurinista, diretor e dramaturgo. Criou mais de 15 mil cenários para televisão – mídia em que foi um dos primeiros de sua área a trabalhar – e mais de 200 para teatro. Criou também as primeiras companhias profissionais de teatro infantil: o Teatro da Carochinha (1949) e o Teatro Ra-Ta-Plan (1950).

Começou a trabalhar na área como o pupilo preferido do cenógrafo alemão Edward Löeffler. Seus premiados desenhos chamaram atenção de Paschoal Carlos Magno, que o convidou para trabalhar no Teatro do Estudante em 1947. A estreia de Hamlet, em 1948, contou com uma cena digna de cinema: horas antes do início do espetáculo, a costureira avisou que não ia entregar as peças. Quem recebeu a notícia foi Pernambuco: “O meu choque foi de tal ordem que me senti como se estivesse desabando. O resultado é que eu fiquei duro no telefone, num estado de apoplexia.

O Teatro de Estudante foi a vitrine para ele chamar a atenção de outro grande nome do teatro: Bibi Ferreira. Feito o convite, foram quatro anos como cenógrafo e diretor de cena da companhia da grande dama. Lá, trabalha nos espetáculos A Herdeira e Escândalos 1950, entre outros. Posteriormente, Pernambuco trabalhou com diversos diretores importantes. Na televisão, ele próprio se definia como o “pioneiro absoluto no Brasil”. Assinou cenografia (e atuou em outras frentes) de programas como Grande Teatro Tupi, Vesperal Trol e Câmera Um, além dos musicais Noites Cariocas e Elizeth Cardoso, citando apenas alguns exemplos.

Perfeccionista e disciplinado, Pernambuco assim explicou seu ofício assim para o jornal Última Hora (em 14 de novembro de 1977): “O cenógrafo tem a responsabilidade de vestir o espaço. Amparar os atores e o diretor com um trabalho que é individual, mas que diz respeito a todo um grupo. Um cenário destrói ou valoriza uma peça e para isso é preciso distinguir o cenário bonito do cenário correto. Ele até pode ser muito bonito e não atingir o dramático do texto, a proposta do diretor."(AgênciaFM).

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