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sexta-feira, março 07, 2014

Renato Dobal: mito vivo do teatro

Sempre sorridente e bem humorado, Renato Dobal, é referência na dramaturgia brasileira além de ser considerado pela maioria absoluta de seus colegas como um ícone dos palcos, com mais de 60 peças no currículo. 
Renato Dobal/ Francisco Martins
AgênciaFM

Brasileiro nascido no Piauí migou para o Rio de Janeiro onde ingressou na Casa do Estudante, escola de teatro dirigida por Pascoal Carlos Magno. Faltava aproximadamente um ano e meio para ele se formar quando recebeu um convite para integrar o elenco de "Seis Personagens em Busca de um Autor", 1951. "Fiquei em dúvida pois queria terminar o curso. 

Entretanto, atendi ao convite e chegando lá perguntaram quantos anos eu tinha? - Respondi, 21 anos (mas tinha 28 anos). Foi uma gargalhada só. Não entendi a razão dos risos. Mas, fui aceito para trabalhar ao lado de Tonia Carrero, Paulo Autran e Adolfo Celli. Anos depois, eles contaram-me que sabiam que eu omiti a idade para poder atuar na peça. Ou seja, devido minha estatura eles não acreditavam que tivesse 21 e sim menos de 21 anos" conta Renato ao jornalista Francisco Martins. O grupo teatral comandado pelo italiano Adolfo Celli, encenava duas peças ao mesmo tempo: Seis personagens... e " Natal na Praça, ambos com Dobal no elenco.

Renatinho em Sampa
Renato em "Ensaio para fotografia"
A partir dai Renato Dobal, Renatinho, como é carinhosamente chamado pelos mais próximos, se tornaria em um dos mais célebres atores dos palcos brasileiros. Em 1959, muda-se definitivamente para a capital paulistana, onde deu sequencia a sua trajetória gloriosa nas artes cênicas tanto adulta quanto infantil. "Era comum atuar sábado e domingo no período da manhã em espetáculo infantil, e à noite em peças adultas", diz Renato. Entre as peças infantis encenada por ele estão "Os três porquinhos" e Pinóquio, como sempre, com atuação elogiadíssima. Durante sua carreira trabalhou com os melhores diretores entre os quais o conceituado Osmar Rodrigues Cruz, criador do Teatro Experimental do Sesi. Sob direção de Cruz atuou em "Manhãs de Sol" (Oduvaldo Viana), O Avarento" (Molière) por exemplo.  

Do Piauí à Europa

A montagem de "Cemitério de Automóveis" peça do franco-argentino Victor Garcia, levou Renato à Europa, Portugal. Renato Dobal estava à vontade na peça, pois compunha o palco com verdadeiros mitos da dramaturgia brasileira: Carlos Augusto Strassner, Sérgio Mamberti e Norma Benguel. Aliás, nove entre dez profissionais dos palcos chamavam Renato Dobal para suas produções. Foi assim também quando o saudoso Raul Cortez montou uma das mais elogiadas peças dos anos 90 "Amadeus".

O mesmo acontece com Christiane Torloni ao mantar a aclamada peça "A Loba da Rayban", com direção de Renato Borghi. Dobal dividia o palco com Maria Maia, a própria Torloni, ambas estrelas globais. Seu profissionalismo mereceu uma página elogiosa no livro escrito por Christiane Torloni. A montagem viajou grande parte do país.

Cinema e TV

Em menor escala, mas com a mesma importância, atuou também no cinema e na televisão. No cinema, em 2005 trabalhou em Cafundó, O Rei da Vela (vídeo longa metragem)de 1983, "A Árvore do Sexo"e O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, 2006, filme de Cao Hamburger. Em 2008, trabalha no curta metragem " Esboço para Fotografia", do diretor Bruno Carneiro.

 Participou do Núcleo de dramaturgia da TV Cultura no engraçadíssimo episódio " Bye, Bye Pororoca", onde interpreta o professor de música, Artur. Isso, ao lado das saudosas Isabel Ribeiro e Linda Gay. Ainda na TV Cultura, fez participações especiais "No Mundo da Lua", a saga da família de Lucas Silva, que tinha como protagonistas Antônio Fagundes e Geanfrancesco Guarnieri. " Desde 1951 jamais tirei férias. Agora, estou dando um tempo por vontade própria", comenta Renato Dobal, durante almoço no domingo, 22 de dezembro (Francisco Martins - reprodução somente com autorização - agenciafm@gmail.com ).  

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