Nascido
em Maceió, em 10 de setembro de 1906, Sadi Cabral tornou-se ilustre
pela dedicação e paixão pelas artes em geral. Trabalhou no rádio,
no teatro, na televisão, no cinema, além de ter sido bailarino,
compositor e professor.
Sadi com Regina Duarte e Célia Biar |
Aos
17 anos, Sadi tinha clara a sua vocação. Já morava no Rio de
Janeiro quando começou a atuar no teatro, nas companhias de Lucília
Pérez, depois na de Leopoldo Fróis e, então, na de Abigail Maia,
na qual estreou profissionalmente, em 1924, na peça Secretário
de Sua Excelência. No
início da carreira, cursou dança e coreografia no curso de Maria
Ollenewa e Richard Nemanoff e participou de alguns espetáculos no
Teatro Municipal como bailarino.
Em
1930, Sadi começou a trabalhar na Rádio Philips, no Programa
Casé,
que ia ar aos domingos e durou até 1936, quando essa rádio
transformou-se em Rádio Nacional. A atração tinha quadros de
radionovela, histórias policiais, minimusicais e quadros de humor,
nos quais Sadi Cabral destacava-se pelas interpretações. O artista
também passou a adaptar, para o rádio, clássicos da literatura
brasileira.
Depois
da temporada de estudos, dança e rádio, Sadi Cabral volta aos
palcos em Iá-Iá
boneca,
de Ernani Fornari. Em 1939, foi o responsável pela montagem
de Guerras
de alecrim e da manjerona,
de Antônio José da Silva, com a Companhia Comédia Brasileira. Este
foi o primeiro espetáculo do Serviço Nacional de Teatro (SNT),
criado por Getúlio Vargas por sugestão de Gustavo Capanema, sob a
direção de Abadie Faria Rosa. Foi através de um concurso de teatro
amador para peças em um ato, promovido pela Associação dos
Artistas Brasileiros, que Sadi Cabral, Mafra Filho e Luiza Barreto
Leite, integrando o grupo Os
Independentes,
ganharam destaque na imprensa. Eles venceram o concurso com a peça A
verdade de cada um,
de Pirandello, e entraram em temporada no Teatro Regina (hoje
Dulcina), no Centro do Rio de Janeiro.
Teatro Experimental Negro
Era
meados da década de 1940 quando esse alagoano participou do Teatro
Experimental Negro, atuando em O
imperador Jones, de
Eugene O’Neill, apresentando no Teatro Municipal do Rio de Janeiro
a situação do negro após a abolição. Em junho de 1949, passa a
lecionar, desde o início, no Curso Prático de Teatro, que Santa
Rosa conseguiu instalar junto ao Serviço Nacional do Teatro. Em
1956, Sadi Cabral entrou para o Teatro Brasileiro de Comédia e, pela
atuação em Eurydice,
de Jean Anouilh, direção de Gianni Ratto, recebeu o Prêmio
Saci do jornal O
Estado de S. Paulo.
Nesse mesmo ano, lançou pela Sinter o LP Sadi
Cabral interpreta poemas de Luiz Peixoto,
em que declamava poemas de Bandeira.
No
Teatro de Arena, Sadi Cabral trabalhou, entre outros, nos
espetáculos Juno
e Pavão,
de Sean O’Casey; A
mulher do outro,
de Sidney Howard e Só
o faraó tem alma,
de Silveira Sampaio, com direção de Augusto Boal. Recebeu o Prêmio
Governador do Estado de São Paulo e a medalha de ouro da Associação
Paulista de Críticos Teatrais pelo desempenho em A
alma boa de Set-Suan,
de Bertolt Brecht, e por A
cantora careca,
de Eugène Ionesco, em 1958. Em 1959, já no Teatro Maria Della
Costa, em São Paulo, Sadi participa do primeiro sucesso de Flávio
Rangel.
Os
anos 1960 chegam e Sadi faz uma breve passagem pela Companhia
Tônia-Celi-Autran, em Lisbela
e o prisioneiro,
de Osman Lins, com direção de Adolfo Celi e Carlos Kroeber. Em
seguida, junta-se aos atores do Teatro Oficina, em Todo
anjo é terrível,
de Ketti Frings, com direção de José Celso Martinez Corrêa. Atua
na montagem de Vestido
de Noiva,
de Nelson Rodrigues, com direção de Sergio Cardoso, e
em Júlio
César,
de William Shakespeare, com direção de Antunes Filho. Na
década de 1970, Sadi Cabral trabalhou com novos diretores com uma
linguagem mais pessoal, como em Oh!
Que belos dias,
de Samuel Beckett, com direção de Ivan de Albuquerque; Tango,
de Slawomir Mrozek, com direção de Amir Haddad; Lulu,
de Frank Wedekind, com direção de Ademar Guerra; entre outros.
Sua última peça foi O
homem do princípio ao fim,
em 1981, de Millôr Fernandes.
O
currículo de Sadi
Seu
currículo incluiu
participações em mais de 40 filmes, entre eles, Pureza; Vinte
e quatro horas de sono; O
dia é nosso; Terra
violenta; Inconfidência
Mineira e Escrava Isaura.Depois
do primeiro convite da TV Tupi, em 1967, para que Sadi Cabral
participasse de Paixão
proibida,
de Janete Clair, vieram muitos outros. Entre as décadas de 1970 e
1980, ele fez parte do elenco de diversos folhetins de televisão.
Passou pelas TVs Bandeirantes, Excelsior, Tupi; Cultura e Globo.
Nesta, interpretou o personagem Seu Pepê, que fez Sadi conquistar
definitivamente os telespectadores e ganhar popularidade. A história
do poderoso Hipólito Peçanha, que, confundido por Patrícia como um
faxineiro da fábrica da qual era dono, faz-se passar por Seu Pepê,
virou, inclusive, tema de uma marchinha de carnaval no ano de 1972.
Seu último trabalho na televisão foi em Maçã
do amor,
novela exibida pela TV Bandeirantes.
Na
música, Sadi Cabral fez a primeira composição em 1938, em parceria
com Custódio
Mesquita.
A opereta A
bandeirante,
apresentada em outubro do mesmo ano no Teatro São Pedro, na capital
gaúcha, Porto Alegre, deu início a uma amizade que rendeu outras
canções. Sadi tornou-se letrista, escrevendo com Custódio, nos
anos seguintes, as valsas
'O
Velho Realejo'
Velho
realejo,O
pião, Bonequinha,
além do fox “Mulher”.
Sadi
Cabral faleceu em 23 de novembro de 1986, aos 80 anos, vitimado por
uma parada cardíaca.
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