Páginas

segunda-feira, agosto 17, 2015

Anna do Couto Martins: eterna Joanna D'Arc

Anna do Couto Martins nasceu na cidade de Araguari (MG), em 2 de julho de 1925. Mudou-se para o Rio de Janeiro, ainda jovem, com  sua  mãe. Desde tenra idade cultivava o desejo de seguir a carreira artística.  A vontade de ser artista aumentou quando leu em um jornal que a Companhia Beatriz Costa e Oscarito estava selecionando girls para o seu próximo espetáculo, viu uma oportunidade para realizar seu sonho. Apresentou-se no Teatro João Caetano e logo foi contratada. 


Estreou como girl na revista "Garotas de Além-mar", em 1944, aos 19 anos. A carreira de girl durou pouco. Sua figura ganhou destaque entre as coristas, e no espetáculo seguinte, "Fogo na Canjica", ganhou suas primeiras falas. Foi nessa época que  adotou o nome artístico de Joana. Mais tarde, adicionou o sobrenome D’Arc, em alusão à famosa heroína francesa. A sugestão foi de Beatriz Costa, por acreditar ser um nome forte, que combinava com sua figura marcante no palco. Participou ainda de   outras revistas, destacando-se, principalmente, nas carnavalescas. Ao término da Companhia, ela no balé do empresário Carlos Lisboa, em 1947. O balé se apresentava em teatros e também em casas noturnas. 

Excursionou para o Sul do Brasil, fazendo uma temporada no Rio Grande. Em Pelotas, conheceu o ator Procópio Ferreira que, na ocasião, estava com sua companhia de comédias fazendo uma temporada na cidade. O popular ator se encantou com a morena e a convidou para fazer parte de sua companhia. Joana aceitou na hora. Procópio era um dos mais famosos e influentes atores do Brasil. Estreou na comédia "Sua Excelência, o Criado". Apresentaram-se em mais algumas cidades e, em seguida, estrearam no Teatro Serrador, no Rio de Janeiro. Mas ela sentiu falta da revista. Não gostava da comédia. Achava monótono um espetáculo sem música, sem fantasias, sem escadarias, sem a alegria da revista. Joana D’Arc, então, se descobriu vedete. Durante toda a sua vida artística, Joana D’Arc foi exclusivamente uma vedete. Tradicional de teatro e do palco. Apesar de ter feito apresentações em boates e cabarés, era no   palco, de preferência nos da Praça Tiradentes, onde se encontrava plena e absoluta.

Foi chamada de A Escultural, pela crítica. Mas Joana não era só um corpo que se movia com graça. Cantava, dançava – rebolava e dizia – com muita malícia – textos de double sens. Um de seus números famosos foi apresentado em "Bonde do Catete" (1950), no João Caetano. Vestida de vendedora de cigarros, usando uma minissaia, declamava: "O senhor, quieto, velhinho, / Mas que pita o seu fuminho / E engasga com a nicotina, / Bem pode voltar ao jogo / E fumar com vitamina /  Pois eu lhe ofereço fogo!". Em 1950, fez parte do elenco do fenômeno "Muié Macho, sim Sinhô", de Walter  Pinto.

"Boa... estrelato" 

O estrelato daquela que era considerada o corpo mais perfeito do teatro brasileiro, pelo jornalista Brício de Abreu, só aconteceu em fins de 1951. Após sagrar-se Rainha das Atrizes, no tradicional concurso do Baile das Atrizes, estrelou absoluta "Boa... Até a Última Gota", no João Caetano. em 1953 – mesmo ano em que foi eleita, por Sergio Porto, uma das "Dez mais bem despidas", lista que no futuro se imortalizaria como "As certinhas do Lalau".


Voltou ao Brasil somente em 1957. A partir daí sua carreira já não tinha o mesmo impacto. Apesar de vencer, pela segunda vez, o concurso de Rainha das Atrizes, atuou, somente, em cinco revistas entre 1958 e 1960. Seu último espetáculo foi "Entre Pernas e Plumas", no Teatro Recreio (1960). Completou 16 anos de carreira e se despediu dos palcos com a seguinte frase: "A gente tem de sair de cena, enquanto a casa ainda tem público".  Em 1966, foi convidada pelo revistógrafo Meira Guimarães para uma reentré artística, no show Frenesí, no Golden Room do Copacabana Palace. Recusou. Teve dois filhos, Maria Margarida e David Barata. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1º de novembro de 2003, aos 78 anos de idade, vítima de um infarto. 

Nenhum comentário: