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quinta-feira, janeiro 23, 2014

Cine Marrocos: entramos nele mesmo invadido

Mesmo sob vigilância quase talebã, os atuais ocupantes são bem mais acessíveis do que os falsos culturebas da Secretaria de Educação que já haviam negado duas solicitação para se registrar parte interna do cinema abandonado.

Área de acesso à plateia/AgênciaFM/ Reprodução
com autorização - agenciafm@gmail.com

SÃO PAULO (SP) BRASIL) - sábado, 18 de janeiro 2014 (AgênciaFM) - Após uma negociação que durou três dias com uma das líderes do movimento, que identificou-se como Dalva, sob forte vigilância liberaram entrada para uma breve seção de fotos do saguão do antigo cinema. Argumentou-se que seria bom até para o movimento pois mostraria que não depredam os imóveis como muitos populares pensam.
/AgênciaFM/ Reprodução
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Mesmo sob regime talibã, olhares contestadores, outros com pedaços de madeiras na mão, registramos o permitido no histórico cinema Marrocos (a exemplo de outros cinemas antigos), invadido pelas famílias dos Trabalhadores Sem-Teto, na noite  de 1 de novembro de 2013. Por duas semanas eles abandonaram parcialmente o edifício e acamparam com barracas no Viaduto do Chá, centro de São Paulo. Sem nenhuma negociação com o atual prefeito, retornaram ao antigo cine Marrocos, no dia 25 de novembro.

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 A rede de cinema Marrocos, existia em quase todo o Brasil. A sala  da Cidade de São Paulo, a mais luxuosa da rede, foi inaugurado em 1952, tendo sido sede de importante festival de cinema internacional, em 1954.

Além de invadido, atualmente, o cine está desativado há quase dez anos e passa por reformas no prédio, que poderá ser a nova sede da Secretaria Municipal de Educação. Instalado à Rua Conselheiro Crispiniano, centro -SP, sua construção teve início em 1940. Em 1954, abrigou o Festival Internacional de Cinema com presença de astros de Hollywood como o ator e diretor Stroheim, Ingmar Bergman e Walter Hugo Khouri, com 24 anos. 

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Observa-se que nada está danificado no saguão do cinema, o chão e as paredes sem nenhuma marca de sujeira ou vandalismo. A mistura de arte  rococó funde-se com arquitetura moderna, desta que foi uma das mais importantes salas de cinema da cidade. Recordações de uma época em que o centro tinha vida cultural; filmes de qualidade indubitáveis.

Nas fotos pode-se verificar a letra "M" logomarca do conglomerado de salas cinematográficas. A fachada, com azulejos vitrificados importados, uma extravagância para época. Ah! Que saudade que dá.  



FIC  1964: único festival internacional de cinema
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Alguns filmes do festival que ocorreu entre os dias  11 a 27 de fevereiro de 1954, há qase 60 anos: A abertura foi com o filme Música e lágrimas (Glenn Miller story). O cinema norte-americana enviou  Roman holliday (A princesa e o plebeu), do grande William Wyler, e Júlio césar.

 A Itália,  três películas nas exibições oficiais do Festival Pão, amor e fantasia, de Luigi Comencini, com Vitorio de Sica e Gina Lollobrigida, é uma comédia de costumes que poderá se notar pela tipicidade. II solo negli occhi. Do Brasil, o melhor representante foi o filme brasileiro que é exibido no Festival de Cinema, Gigante de pedra, realizado por Walter Hugo khouri, e o Cangaceiro. 

Da França. quatro filmes dessa procedência: O trigo que cresce, Julieta, Amor de uma  mulher e O curandeiro, entre os quais o primeiro, inegavelmente, é o que mais interesse  desperta. O trigo que cresce foi dirigido por Claude Autant-Lara e cenário de Jean Aurenche e Autan-Lara,

 baseando-se em um romance de Colette. O  mais aplaudido 'O Salário do Medo', com YvesMontand. A grande revelação da noite, porém, foi o  27º, um desenho animado em curta-metragem norte-americano The tell-tale heart, da UPA, baseado  em um célebre conto de Edgar Allan Poe. Os  curtas-metragens exibidos, Vitrais de Arte (italiano), A hulha branca, (português), filme de longa-metragem exibido, A louca (mexicano), de Miguel Zacarias.

Estrelas do porte de  Marilyn Monroe, Marlene Dietrich, Gregory Peck, Ingrid Bergman, William Holden, Bob Hope, Billy Wilder e Roberto ­Rossellini, Ann Miller, Errol Flynn, Joan Fontaine e Edward G. Robinson pisaram neste palco que ora encontra-se entre a invasão e o abandono. O festival causou  queixas, protestos, polêmicas em quantidade, vindas daqueles que não suportam ficar de fora. Então, descem 'a lenha'. (Francisco Martins / Cícero Silva). 

2 comentários:

Anônimo disse...

A sala de cinema acima é do Marabá e, não do Marrocos.

francisco martins disse...

RESPOSTA: Primeiramente obrigado por acessar o blog do vovô Visconde. Caso refira-se à foto sépia, sentimos desapontá-lo, é legitima do Cine Marrocos. Mesmo porque o Cine Marabá não tem plateia superior.